O Processo

05/05/2014 14:55

 

Há no processo a mesma característica da obra de arte, ou seja: um pouco de inspiração, para muita transpiração. Ele, em si, é dinâmico, envolve duas partes, com seus respectivos advogados e o juiz. Na verdade os advogados de processos, ou contenciosos, no linguajar jurídico, são campeões, cavaleiros andantes, gladiadores, que se dispõe a lutar por algo. O cliente, e qualquer um que não seja da profissão, acredita que o causídico abraça uma causa por julgá-la justa. Mas há diversas razões pelas quais se abraça uma idéia, por comunhão de opiniões é apenas uma delas.

 Muitas vezes há dúvida nos fatos que devem ser esclarecidos em processo, e para que este exista, é necessário existir os dois lados da moeda. Na mitologia Greco Romana, o deus que representava a verdade, Juno, tinha duas caras. Outras vezes, quer se regular, estabelecer normas e condições sobre um fato, e para isto é preciso discuti-lo. Há ainda uma situação, bastante usual, embora moralmente pouco aceitável, em que se procura ganhar tempo, para que a realidade de amanhã permita solucionar um fato que hoje é impossível.

 Vê-se, por aí, que os advogados pouco têm de cavaleiro andante ou das bestas feras que ululavam pelo Coliseu Romano.

O processo é um exercício de lógica, pois trabalha-se com várias verdades. Há a verdade dos fatos, que ninguém sabe; a verdade do cliente- o que já é uma interpretação dos fatos; a que lhe é favorável, e por fim, a verdade do juiz, que junta a verdade da defesa com a do ataque,e confecciona a sua sentença.

Haverá processos, situações, em que a verdade do juiz pouco tem a ver com a verdade dos fatos, e por isto causa indignação. Mas é a regra do jogo!

Ah! Ia me esquecendo: os advogados tratam-se bem, e algumas vezes são amigos.

A grande lição está na postura dos advogados, que respeitam o fato do outro ter idéia divergente da dele, aceitam o fato de alguém pensar, agir e ter gostos diferentes. Acreditam, enfim, que cada ser humano é um mundo de idéias e opiniões.

Estava dando esta palestra, quando foi avisado, já ao fim dela, que havia um telefonema para ele: uma moça queria falar-lhe. Ficou sabendo, então, através dela, que seu carro estava a venda, fato inédito para ele. Ela garantiu que sim, e disse que o levaria até a Cidade Universitária, onde no quadro de avisos, havia colhido a informação.

Ao chegar lá, constatou que, de fato havia um recado pondo seu carro a venda. Tão logo o retirou, deparou com outra frase escrita em baixo:

“O anarquista é o individualista burguês. Lenine”

 Estava claro: não deveriam ser advogados e tampouco...

 

 

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