A música, o ritmo e o rito

01/05/2014 14:07
           Comenta-se, nos meios musicais, sobre uma experiência alemã, na qual foram colocados vários tipos de música clássica para recém-nascidos, observando-se a reação em relação a elas. Os bebês mantinham-se calmos ao escutarem Bach, alegres ao ouvirem Mozart e irritados ao som dos acordes de Beethoven. É difícil explicar e analisar o comportamento humano, conforme a música, decodificando a informação sonora em informações sensíveis.
 
            Lembra-se que um papa, S. Gregório, notabilizou-se por compilar toda a música sacra da época e organizá-la conforme o calendário litúrgico. Existia, nesta época, uma grande distância entre música profana e religiosa, não só quanto a arranjos, mas quanto a forma e ritmo.
 
            A música é formada de melodia, harmonia e ritmo; o canto gregoriano se abstém do rimo repetitivo e marcado, navegando por frases musicais complexas, dando maior valor à melodia e harmonia. Acredita-se que com isto, consegue-se uma elevação espiritual maior. Fato é que as missas com essa espécie de canto são as mais concorridas, sendo eles usuais, inclusive, nas missas da Santa Sé, rezadas pelo Papa. Fala-se mesmo, numa volta maior da música à liturgia, embora sem especificar qual música.
 
            O ritmo, ao contrário da melodia e harmonia, apesar de todos se encontrarem na natureza, é mais facilmente percebido; não exige maior abstração do conjunto.
 
            A vida tem um ritmo, podemos dizer que a característica musical da vida é o ritmo, para citarmos um exemplo simples, as batidas do coração ou a freqüência respiratória.
 
            Quando S. Gregório tratou o ritmo com menor importância que os outros elementos da música, harmonia e melodia, houve razão para isto! Naquela época, como até hoje, o ritmo era amplamente utilizado em rituais pagãos, e já se percebia sua característica hipnótica.
 
            Se você perguntar para alguém se é capaz de andar 30km sob efeito de álcool e sexo, durante uma noite, esse alguém retrucará perguntando: você é louco? Entretanto, em um baile de carnaval de quatro horas, é mais ou menos isto que ocorre. Por quê ? O ritmo.
 
            Nas análises que fazem hoje sobre as músicas, dá-se atenção sobretudo às letras, afirmando-se que tais são isto ou aquilo, como se só de lógica vivesse o mundo, o homem, etc... Apesar da importância da música e dos sentimentos serem de conhecimento de muitos, tais valores são deixados de lado. Hoje temos no ritual de viver algo lógico, preciso, mas que contradiz com o sensível, emocional e sentido. Apesar dos alertas, é como se, em função de algo, de tudo, de todos, esquecêssemos o indivíduo, que é parte do todo, que almeja algo, que vivencia tudo.
 
            A música, que é sentimento puro, tem, juntamente com a letra racional, o seu lugar no rito. Mas, para se obter o efeito desejado, tem-se que casar lógica e sentimento, se não haverá distorções, e isso não é humano, natural ou desejável.
 
 

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