A Fábula da Rosa
11/05/2014 16:14
Faziam cinco dias que havia dado uma rosa à Maura, e ela a colocara no solitário, em cima da mesa. O botão desabrochara, e nada melhor que falar em mudanças, esforços, sacrifícios, coisas que mudamos em nós por causa de alguém.
Com o desabrochar da rosa, as pétalas brilhavam, pois o sol refletia nelas, muitas vezes de forma translúcida, como o expor-se, o abrir-se para alguém, lógico que como a flor, isto não é sem esforços, sem uma vontade, uma iniciativa, um querer, enfim todo um ritual mágico que comanda o espetáculo de se expor, de ser mais plenamente a si mesmo, sem medos, temores, ilusões ou mesmo receios.
Ainda não era a hora de falar sobre tudo isto, afinal ela, a rosa, estava ali, dando um espetáculo para nós, que humildemente víamos o seu despir-se com toda a glória, utilizando os raios de sol como veste, vestimenta, brilho, na maior simplicidade possível do mundo. E por ser tão simples e tão única, era bela, fascinante... Parecia que o falar, o comentar o espetáculo no meio deste, fazia com que parte do fascínio se perderia, como se cada minuto fosse precioso ao admirar o maravilhoso ato da rosa desabrochar.
E mais um dia havia ido!
E a rosa permanecia impune na sua grandiosidade irradiando a beleza dos seus atos.
Finalmente ela não estava lá, o sonho de vê-la mudar-se todo dia, e a realidade da beleza deste ato: se foram. Mas, guardávamos a lembrança de todo o ocorrido, como o relacionamento vivido entre um homem e uma mulher.
Estava na hora de pensar sobre isto, sobre os momentos que se foram, sobre a realidade do passado, sobre as lembranças desta realidade para traçarmos uma reta para o infinito. Era hora de dizer das nossas desavenças, de nossos acertos e erros, de ter bom senso a realidade presente, procurando lançar-nos para o infinito desconhecido do tempo, solidificando o relacionamento de dois.
Era hora de sermos nós mesmos, mais plenamente indivíduos que sempre fomos, procuramos e queremos ser. Tinha-se de respeitar o outro, para que os espinhos da rosa não machucassem demais àquele que a colhe no interior do outro.
Foi nesta hora que...
Cada estória termina de uma forma, pois a fábula é dinâmica e dialética, depende de dois, o escritor imagina, cria e procura dar a forma. Mas a forma que se cria é a essência de algo maior, que o escritor e os personagens desta estória.